Promotor
Câmara Municipal de Coimbra
Sinopse
Este espectáculo cruza várias formas de expressão, cujo resultado é um objecto artístico que se pode definir como um corpo em busca da sua poesia. De forma mais pueril podemos dizer que é teatro físico ou teatro performativo. Mas o que vos apresentamos hoje pode também ser apenas um objecto para o qual não se encontrou ainda uma gaveta para guardar e esquecer. Há muitas vozes dentro deste objecto. A do João Paulo Santos que fala através do seu corpo prodígio. A de todos os artistas que convocámos para estarem connosco. E foram muitos. A voz do Miguel Borges que nos conta uma história acerca do sonho que as artes e todos os contadores de histórias nos oferecem. Esse sonho impõe-se como um ser estranho que luta contra o deixar-nos ir nessa distracção encantada de quem vê. Mas quem vê não ouve? E quem ouve não sente? É possível ver, escutar e sentir sem que cada uma dessas facetas exclua as restantes? A história que vai decorrendo, em fundo e de forma intercalada, pautando o objecto que vos apresentamos, invade os sentidos do espectador em luta com o que movimenta o corpo do performer. A história e o que se faz é, por vezes, concorrente, por vezes antagónico, por vezes enigmático. Essa sensação é exigente e perturbadora e, em simultâneo, delicada e apaziguadora. Ao espectador deste mundo interior tornado visível e sensível, pedimos a atenção e a entrega, a abertura de quem vive um momento onde se ganham e se perdem coisas. Ao se passar de um mundo para outro, coisas novas surgem e coisas outras são deixadas pelo caminho caídas. Peças de roupa que se abandonam no caminho e no cansaço dos gestos. Ao espectador pedimos que se deixe levar pelo que a cabeça percebe, mas também pelo coração que escuta e pelo corpo que sente. O que propomos é uma partida. Uma viagem através dos objectos que convocámos para esta aventura conjunta. Das cadeiras da escola onde todos nos sentámos, aos barcos que cruzam mares e unem mundos, aos altares onde se sacrificam o corpo e os desejos em busca de respostas para a vida. Esta é uma viagem entre a vida a morte, para regressar de novo à vida. Quem parte para a vida leva consigo os que ama e busca. Quem parte, dança e anda, canta e escolhe caminhos. Quem dança por cima das pedras e passa por debaixo de túneis onde a luz e o ar faltam, regressa sempre. Volta de novo a enfrentar o caminho das estrelas que cegam a noite como olhos fixos nos olhos. A luz furando o ser. O palhaço com o seu riso vai destruindo as montanhas fazendo cair e caindo. O palhaço transforma-se num poeta que rasgou as pedras e com elas construiu uma nova montanha. Uma criança caiu de dentro do poeta e agarrou-lhe na mão. De mão dada foram ver as estrelas e o mar.
João Garcia Miguel
(para o João Paulo Santos e todos os que connosco fizeram esta obra).
Guimarães, 4 de Março 2017.
Ficha Artística
Autores da ideia João Garcia Miguel e João Paulo Santos
Textos a partir de Lenda de Destruição de Kash retirada de Primitive Mythology de Joseph Campbell e um excerto da Divina Comédia de Dante
Direcção João Garcia Miguel
Co Criação Cia. João Garcia Miguel e Cia O Último Momento
Interpretação João Paulo Santos
Voz Miguel Borges
Música Tiago Cerqueira
Figurinos Ana Luena
Desenho de Luz Luís Bombico
Imagem gráfica João Catarino
Produção executiva Raquel Matos
Assistência direcção Rita Costa
Construção do Estrado HVCROM
Apoio adereços Rita Prata
Direcção som Manuel Chambel
Gestão de projectos Tiago da Câmara Pereira
Agradecimentos: Ana Calçada, Alexandre Mira, Ana Carina Paulino, António Cinzas, António Paupreto, António Santos, Cristina Manuel, FX RoadLight, Irmãos Henrique e Valter, Jackson Lima, João Costa Dias, Luísa Pedro Matos, Mafalda Matos, Maria Antónia, Pia Kramer, Rita Costa, Rui Horta, Rute Alegria, São Francisco de Xabregas, Sara Ribeiro, Susana Picanço, Tiago Coelho, Tia Lena, Vasco Mosa, Verónica Metello.
Notas Suplementares
João Garcia Miguel
Inicia a carreira profissional nos anos 80 percorrendo diferentes expressões artísticas. É um dos fundadores dos colectivos artísticos: Canibalismo Cósmico, Galeria Zé dos Bois e OLHO Associação Teatral, da qual foi director artístico entre 1991 e 2002. Em 2003 fundou a Companhia JGM e inicia percurso como artista investigador. Em 2008 é nomeado Director Artístico do TeatroCine de Torres Vedras. É artista associado do Actors Center de Roma e Milão, Itália. Desde 2002 envolveu-se numa vertente académica ligando-se à docência e à investigação. Desde 2007 desenvolve investigação, na Universidade de Alcalá de Henares, na Universidade de Granada e agora na FBAUL, Faculdades de Belas Artes de Lisboa centrando a sua tese sobre o corpo do artista e as noções de sacrifício e empatia. Recebeu em 2008 o prémio FAD Sebastià Gasch e em 2013 o prémio de melhor espectáculo do ano com Yerma pela Sociedade Portuguesa de Autores.
Companhia João Garcia Miguel
Liberdade e Teatro são os dois eixos que presidem às nossas actividades de criação, formação e difusão. Estes dois conceitos movem-nos pela importância que, em interacção, produzem na sociedade em que vivemos, contribuindopara o crescimento e melhoria dos indivíduos na busca de um projecto de humanidade, partilhado através do investimento na criatividade com base na diferença e na capacidade de mudança dos mundos em que vivemos. Acreditamos que o exercício diário de conquista da liberdade individual é concomitante com o aumento da liberdade do que nos rodeia. É esse o binómio que delimita e define a qualidade e ambição do que somos e do que desejamos: que os outros possam ser cada vez mais livres.
Informações Adicionais
Bilheteira do Convento São Francisco
Horário de Funcionamento: diariamente entre as 15h00 e as 20h00
Telefone: 239 857 191
Email: [email protected]
Preços
Geral - 12€
Estudantes | </=30 anos | >/=65 anos | Grupos >/=10 pessoas – 10€
Especial alunas/os de artes do espetáculo – 6€*
*Disponível na bilheteira do Convento São Francisco