Promotor
Câmara Municipal de Coimbra
Breve Introdução
FESTIVAL JAZZ AO CENTRO / XV ENCONTROS INTERNACIONAIS DE JAZZ DE COIMBRA
Sinopse
Ora aqui está um trio que é, na realidade, um quarteto, pois junta os préstimos de um quarto elemento, uma projecção vídeo, e esta é determinante para toda a música que se constrói. O projecto intermediático do saxofonista (tenor), clarinetista (baixo) e flautista sueco Nils Berg não podia ser mais desconcertante: vai ao Youtube procurar o que músicos amadores de todo o mundo lá colocam, cantando ou tocando um instrumento, e deriva a escrita para os seus Cinemascope a partir dessas canções, incluindo os originais na sua interpretação, via imagem e som. As origens desses videoclips de música popular e, em muitos casos, tradicional são as mais variadas, como a Índia, o Japão, o Bornéu, o Butão, o Texas ou a própria Suécia. Não é de apropriação cultural que se trata, algo que nos tempos que correm é cada vez mais criticável, mas de uma sistematizada procura de situações criativas que questionem a noção de plagiarismo suscitada pela própria era da informação em que vivemos e que são naturalmente proporcionadas pelo acto de navegar o espaço virtual da Internet. A música que resulta não segue os parâmetros das fontes a que vai recorrendo: responde-lhes com uma visão do jazz caracteristicamente escandinava, sincopada sim, mas mimetizando as paisagens frias dos fiordes. Porque só as melodias são reproduzidas, o trabalho incide particularmente na harmonia, e esta é de uma especial riqueza.
Discos como Searching for Amazing Talent from Punjab, de 2016, ou o anterior Vocals (2013) problematizaram de forma inventiva e, em simultâneo, muito simples alguns dos mais relevantes temas da actualidade numa série de áreas de estudo, da etnomusicologia e da sociologia da cultura à filosofia estética, dando uma nova perspectiva ao conceito de pós-modernidade e à grelha de pensamento que tem estado em formação por estes dias, a meta-modernidade, ou seja, o pós-pós-modernismo. Nos bastidores desta abordagem não está o dado adquirido de que entre um grupo de norte-europeus e um tocador africano de balafon pode haver coincidências quanto ao tratamento dos sons, e sim a perspectiva de que há diferenças incontornáveis e que são estas, precisamente, que propiciam um diálogo. Fazer o mesmo com o mesmo (tendo presente que a tendência world jazz pressuposta por este projecto, mas desmentida pela prática, pode ser um mínimo denominador comum da diversidade, diluindo esta no todo) foi uma receita que levou a vários becos sem saída ao longo do tempo, sendo bem evidente que Berg e os seus companheiros, Christopher Cantillo e Josef Kallerdahl, estão a terraplanar um caminho. A ver (ouvir) onde o dito nos leva
O trio / quarteto Nils Berg Cinemascope tem uma outra particularidade: associa uma produção musical iminentemente acústica, sem efeitos ou ornamentações electronicamente induzidas, a um uso da tecnologia digital (via vídeo editado por computador, controlado pelo líder) que surpreende, inclusive porque está na matriz do próprio projecto.
Ficha Artística
Nils Berg (vídeo / saxofone tenor / clarinete baixo)
Josef Kallerdahl (contrabaixo)
Christopher Cantillo (bateria)
Informações Adicionais
Bilheteira do Convento São Francisco
Horário de Funcionamento: diariamente entre as 15h00 e as 20h00
Telefone: 239 857 191
Email: [email protected]
Preços
Bilhete único - 5€
Bilhete diário - 15€*
*O bilhete diário dá acesso à programação de Jazz do dia 21 de outubro e poderá ser adquirido na bilheteira do Convento São Francisco.
Eventos limitados à lotação das salas.